Freud e a Corrupção


“O Estado proíbe ao indivíduo infrações, não porque queira aboli-las, mas sim, para monopolizá-las”. (Freud)


Já não há dúvidas de que nosso País vive uma crise moral e ética sem precedentes. A cada momento vem à tona um escândalo de corrupção. Entretanto, a corrupção está muito mais próxima de nós e é muito mais abrangente do que imaginamos.

Desde que foi criado, todo ser humano tem a tendência de possuir tudo o que está a sua volta e obter mais vantagens do que os outros. E o assunto se estende até o ato de oferecer propina para esquivar-se de pagar uma multa de trânsito ou então deixar de ceder um assento à pessoa idosa. Exemplos são muitos e a questão é: como harmonizar tudo isso? Precisamos viver em comunidade, respeitando ao próximo e as regras, de maneira organizada e justa. Não é a toa que Freud, quando escreveu “O Mal-estar na Cultura” (1930-29), já colocava as relações humanas como a pior das tragédias que poderia acontecer ao homem, graças à hipocrisia.

Vale lembrar que Freud passa a se preocupar com os assuntos políticos e sociais após os impactos da Primeira Guerra. Nos seus dois ensaios a respeito, o primeiro em 1915 e o segundo em 1922, ele prova ao mundo a hipocrisia da sociedade moderna e de forma brilhante mostra que nosso inconsciente é capaz de tudo, inclusive de matar. Ele conclui em seu estudo que “o homem renuncia a seus instintos agressivos substituindo-os pelas agressões estatais, onde uma das ferramentas é a corrupção”.

Freud contribui mais ainda com o tema quando sustenta que “todo homem veio ao mundo para cumprir duas premissas básicas: amar e ser amado”. Sigmund Freud, na primeira metade do século passado resumiu inteligentemente a missão para qual os homens foram predestinados e, paradoxalmente, mostrou que, muitas pessoas - no desejo de serem amadas e aceitas - apegam-se ao poder como forma de proteção à sua auto-imagem e por isso precisam estar exercendo o poder para se sentirem amadas e protegidas. O que mais agrava (e explica) esse cenário é o fato de que o capitalismo associa poder ao dinheiro. Está criada então a mistura perfeita para a formação da personalidade do corrupto. E o ciclo se perpetua, pois a necessidade e o desejo de auto-realização jamais serão “resolvidos” totalmente, ou seja, sempre faltará algo... Reflita: por que um funcionário de alto escalão do Governo (que recebe igualmente altíssimo salário) quer ou aceita entrar em negociatas e receber propina ou vantagens para realizar algo ilegal?

Ainda para Freud, o equilíbrio e a verdadeira liberdade são metáforas que somente se tornam reais quando há um equilíbrio entre o ego (razão), o superego (moral, limites) e o id (inconsciente, instinto, registros, base). Portanto, qualquer desequilíbrio é conseqüência de uma falha na estruturação do superego, ocorrendo em indivíduos onde a consciência moral e a ética não se instalaram.

Fazer política está sendo sinônimo de ganhar a próxima eleição e aumentar a conta bancária, nada mais. Falta saúde emocional em quem corrompe e é corrompido (“A” moral) e falta indignação, auto-estima, iniciativa (“O” moral) na população.

Tenho plena convicção que, se cuidássemos desse assunto de forma educativa e preventiva já nos primeiros anos escolares, não estaríamos vivendo esta catástrofe, conseqüência de neuroses e psicoses que infelizmente crescem assustadoramente. Prova disso são consultórios ligados aos cuidados e tratamentos da mente serem cada vez mais procurados. Preocupado com isso, atuo hoje através de uma terapia revolucionária que pesquisa e age na fonte de todo e qualquer problema que esteja acometendo emocionalmente o ser humano. Busca-se a causa. E na causa faz-se a correção. Com ferramentas apropriadas, muda-se o comando na base de tudo, ou seja, no lugar que tem o poder de nos transformar: o inconsciente.

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