Primeira ou segunda milha?

Recentemente, li uma matéria sobre um fato ocorrido na Copa do Mundo de 2014, mais especificamente na Arena Pernambuco, em Recife, num jogo entre a seleção Japonesa e a seleção da Costa do Marfim. Partida cheia de emoções, com a vitória da seleção Africana.

Entretanto, o que mais marcou essa partida de futebol foi fora do gramado. Após o final do jogo, a torcida japonesa começou a recolher os lixos das arquibancadas, deixados por outros torcedores. Sim, o que muitas pessoas sem a devida educação simplesmente jogaram pelo estádio, os japoneses foram lá, recolheram e deram o destino correto. Exemplo de civilidade de uma cultura milenar.
O que os japoneses fizeram? Eles foram “além”.

Sim, porque certamente havia pessoas contratadas para fazer a limpeza após o jogo...

Esse é apenas o ponto inicial da nossa reflexão de hoje. Há uma magia especial nas pessoas que vão além e isso nos convida a uma analogia, presente – inclusive - em uma frase da Bíblia. No livro de Mateus, capítulo 5, versículo 41, Jesus diz: “Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas”.

Que frase poderosamente atual!

Pessoas que andam na primeira milha chegam na hora e saem na hora. Pessoas que andam na segunda milha, chegam antes e saem depois.

Quantas oportunidades temos de usar essa inteligência e sermos mais úteis, mais produtivos, mais completos e... mais felizes!

Muitos me procuram insatisfeitos com a vida que levam, mas quando avaliamos a fundo a forma como a conduzem, percebemos claramente que não passam da primeira milha, e o pior, em muitos casos nem chegam a completar a primeira milha! Não tem jeito. Não dá pra exigir o que não se oferece. Fica incompatível, incoerente e os resultados... serão diretamente proporcionais!

Quem tem os melhores salários, realizações e promoções no competitivo mercado de trabalho hoje em dia? O funcionário que para na primeira milha ou o que avança para a segunda?

Vamos além...

Nas relações. Se algo está errado, mude, altere caminhos e decisões! Você não está se deixando de lado e sim sendo inteligente. Explore o que o outro tem de bom! Foque nisso e surpreenda-se com os resultados... Ajude a acabar com o que não está bem, e entenda, o que não está bem pode estar “em você” e não no outro... Aí então transforme efetivamente (a si e ao outro) e não fique apenas reclamando. Nestes casos a autossabotagem dá as cartas e certamente você não quer se enganar. Portanto, a solução não é destruir, e sim, construir.

Casamentos e relações focados em problemas e reclamações, e não em compreensão, abdicação inteligente e transformações, logicamente estão fadados a acabar.

Quantas histórias pessoais ou profissionais que tinham tudo pra ser maravilhosas, simplesmente acabaram por falta dessa inteligência emocional.

Quem vai além das obrigações, quem faz além do que é “esperado”, mostra ao mundo que está acima do que ele oferece. Faz uso de uma liberdade interior, verdadeira e enobrecedora, desarmando quem lhe é rude.

Amigos, é essa a liberdade que nos faz amar inimigos, superar problemas e vivenciar a pureza de uma vida sadia - física e emocionalmente.

Não espere que façam. Faça você.

Não fale “das” pessoas. Fale “para as” pessoas.

Não critique, julgue ou ofenda as pessoas, pois ontem você pode ter agido como elas ou amanhã poderá agir como elas agem hoje...

Quem anda na primeira milha, constrói paredes. Quem se supera (a si e aos outros) e anda a partir da segunda milha, constrói pontes, ultrapassa fronteiras, surpreende e encanta.

Na sábia frase de Jesus, encontramos um precioso e inesperado convite: quando nos encontrarmos em uma situação difícil, de humilhação, vergonha, raiva, enfim, nas mais diversas formas de indisposição que a vida nos coloca constantemente, que saibamos surpreender nosso “inimigo” – seja quem ou o que for - fazendo mais que o necessário, andando o dobro do previsto, superando-se em primeiro lugar.
Às vezes, muitas coisas que fazemos são motivadas por capricho ou orgulho e isso não vale a pena no final das contas. Pense melhor... Pense à frente... Pertença ao grupo da segunda milha...

(artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, do dia 13 de agosto).





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