O Psicopata


            Quem já não ouviu uma história real na família, de conhecidos ou mesmo em noticiários, sobre pessoas que perderam tudo porque se relacionaram com alguém que “inesperadamente” os prejudicou, matou ou roubou. E não se assuste se este homem inescrupuloso seja paradoxalmente charmoso, carinhoso, atencioso, sedutor, etc., mas... sem dinheiro ou com necessidades a suprir e, então, sorrateiramente procura uma vítima, ela se apaixona e o relacionamento se efetiva (mesmo com protestos de familiares e pessoas próximas). Conclusão: ele se dando bem e ela terminando sem nada (ou até sem a própria vida), ou morando de favor na casa de alguém.

 Infelizmente, assistimos e ouvimos constantemente (e não só nos noticiários dos finais de tarde, mas também nos horários nobres e também nos assuntos ligados à política, religião, artes, etc.), notícias estarrecedoras dessa e de outras formas de como tantas pessoas agem com suas próprias vidas ou com a vida dos outros.

        Vamos abordar hoje um assunto que no Brasil não é tratado com a devida atenção, mesmo porque ainda existe um mito de que psicopatas só existem nos cinemas, só atingem pessoas de determinada classe ou em outros países. Aliás, existem outros mitos, como achar que psicopatas são loucos ou que seja fácil reconhecê-los. Além disso, ainda ocorrem equívocos no entendimento e isto tudo apenas facilita a ação deles.

            Psicopatas não são pessoas loucas, como muitos dizem. A loucura refere-se à saúde mental, enquanto os psicopatas possuem um transtorno de personalidade.

          Importante também que todos entendam que crimes passionais (que aumentam a cada dia) podem ou não ser cometidos por psicopatas, uma vez que estes não se utilizam apenas da violência física. Aliás, o termo “crimes passionais”, não é coerente, mesmo porque não há amor que combine com qualquer tipo de violência. Para amar alguém, é imprescindível que a pessoa esteja preparada também para renunciar a qualquer coisa ou situação. Ninguém está a nossa total disposição em um relacionamento, e, por outro lado, ninguém também aceita ser tratado sem a devida atenção e reciprocidade - não se engane. É isso que os homens deveriam saber antes de matar ou usar de qualquer violência física ou emocional (“por amor” ou não), ou pensarem que estão defendendo sua “honra” ou seja lá o que for.

O entendimento da psicopatia deve ser abrangente, pois estamos tratando de um conjunto de comportamentos e traços de personalidade específicos, pois são pessoas que causam boa impressão e são considerados normais à primeira vista, mas aos poucos mostram seu egoísmo, sua desonestidade; possuem prazer em utilizar os bens materiais dos outros e se aproveitar dos outros em todos os sentidos, além de outras características perigosas ao convívio humano, como por exemplo, o fato de se divertirem com o sofrimento das pessoas.

Pesquisadores afirmam que a maioria deles é do sexo masculino e são pessoas agradáveis, simpáticas, disponíveis e excelentes no começo da relação, pois isso faz parte da “trama”, entretanto, depois de ganharem a confiança - uma vez que isso facilita a manipulação - os problemas começam. Por serem insensíveis aos sentimentos das pessoas e impulsivos, se revelam a um dado momento, mas o complicador é que esta fase normalmente se dá quando eles já “amarraram” irreversivelmente a “vítima”, lembrando que um psicopata não sente qualquer tipo de arrependimento ou culpa.

Entretanto, é importante ressaltar que estas são características e que, observá-las não é o suficiente para identificar um psicopata com precisão. Torna-se necessário que um profissional habilitado e competente em saúde mental o faça, mesmo porque psicopatas sabem enganar as pessoas de forma eficiente e não sentem a menor vontade de se tratarem.

É difícil alterar comportamentos psicopatas, mas a terapia pode auxiliar muito a pessoa a respeitar regras sociais, interagir melhor com ela mesma e com o mundo e com isso também evitar possíveis crimes de qualquer natureza, a si e aos outros.

Infelizmente o mundo atual facilita o aumento das psicopatias e de outros distúrbios psíquicos. Torna-se, portanto, imprescindível que você use métodos criteriosos para avaliar com quem vai se relacionar, sob qualquer esfera, uma vez que isso - a despeito de emoções ou até de necessidades causadas por carência, ilusão, fases ou desconhecimento do assunto – pode causar danos irreversíveis à você e a quem você ama ou está próximo a você (filhos, familiares, amigos).

(Artigo publicado no Jornal de Piracicaba, dia 19 de novembro de 2016)



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