Antes de mais nada, é
preciso entender a crucial diferença entre “estar” motivado e “ser”
motivado. O “estar” motivado tem relação
com o momento, quando tudo conspira a favor e o cenário é totalmente
satisfatório. Entretanto, quando as coisas começam a tomar outro rumo e aquela
fase se encerra, a motivação vai embora de carona, esperando uma nova situação
favorável para voltar. Só quem vive assim entende como esse ciclo vicioso (e
bipolar) é perturbador.
“Se
alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o confronto, procure as
janelas”. Augusto Cury sintetiza nesta frase quem “é” motivado. Os motivados não
dependem de acontecimentos, prêmios, ilusões, comparações. Os motivados sabem
diferenciar o que é “controlável” e o que é “incontrolável”. Motivados agem no controlável,
ou seja, no que se pode fazer, no que altera a realidade. Ser motivado é ser
mais profundo, mais sábio, é ir mais além, é ter sucesso, é estar na segunda
milha...
A
vida é como uma pista sinuosa. Os motivados estão preparados para estas curvas
e não são jogados para fora da pista ou se perdem. A motivação gera energia suficiente
para encontrar saídas onde as pessoas veem apenas obstáculos. Essa energia gera
alegria, disposição e, consequentemente, vitórias. Você conhece alguém assim,
não conhece?
Ser
motivado é viver a sabedoria da água, que nunca discute com seus obstáculos,
mas os contorna. A aplicação disso é o fato de sermos muitas vezes ofendidos,
nos frustrarmos ou passarmos por momentos difíceis. Reflita onde você se
encaixa - usando o exemplo da água - e tenha a explicação sobre como e para
onde sua vida está indo.
Muito
se fala em motivação hoje em dia, entretanto, a beleza do seu significado se
perde na confusão corporativa que insiste em criar mirabolantes descrições de
cargos, mas não reflete se o colaborador realmente ama o que está fazendo. Há
muito interesse mascarando a emoção, mas pouco interesse em lembrar que o ser
humano é pura emoção.
Infelizmente,
o “estar” motivado vai ganhando cada vez mais formas e cores no mundo de hoje.
Alegrias ilusórias e rápidas; materialismo que sufoca a evolução.
Relacionamentos que se agarram a funcionalidades, caprichos, conveniências, modas
e valores superficiais e momentâneos. Importante ressaltar que não há relação
afetiva que se sustente adequadamente e com equilíbrio sem o autoconhecimento e
o autodomínio de cada uma das partes. A sintonia perfeita só acontece quando
cada um dos envolvidos é bem resolvido, consigo mesmo. Isto sim motiva uma
relação de sucesso, seja ela no âmbito que for.
Não
posso deixar de inserir neste contexto um Governo insistindo em “curar” os
problemas da educação sem atacar a raiz deles. Temos alunos desmotivados em
todo o Brasil (e “eureca”, lógico que os resultados deles na Escola e
consequentemente nas pesquisas serão ruins!), mas há preocupação qualitativa em
buscar a origem dessa desmotivação e as causas (reais) dos problemas da
Educação no Brasil? Leis, comentários e Medidas provisórias dão a cara da
imaturidade e do parcialismo das avaliações e, de uma forma geral, o que se vê
para o Brasil é um perigoso futuro ao que as Nações Desenvolvidas valorizam
tanto: Educação.
E
nós, estamos motivando quem está ao nosso redor ou apenas esperando ou
cobrando? Motivação é algo de dentro para fora e não de fora para dentro.
Portanto (e para isso também), o autoconhecimento é imprescindível. Como disse Steve
Jobs: “As pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas”.
Enfim,
para que valorizar os pilares do “ser” motivado?... Reflexão, autoconhecimento,
fortalecimento, autodomínio... Para que? Afinal, o mundo de hoje é um
verdadeiro “delivery” material e emocional, entregando todos os elementos que liquidam
qualquer chance do “ser” motivado, mesmo porque, quem (apenas) “está” motivado
alimenta essa triste engrenagem que rouba a verdadeira felicidade, produzindo
peças repetidas e obsoletas, que nunca chegarão a um produto final de qualidade
e conteúdo.
Você
(é) motivado?
(Também publicado no Jornal de Piracicaba - artigo semanal do autor - dia 17 de dezembro, 2016)
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