Hábito!
Que faca de dois gumes. Bem ou mal? O livre arbítrio é que tem o poder de
decidir esta milenar dicotomia e, em contrapartida, também trazer as respectivas
“consequências”, mesmo porque não existem “castigos”.
O
tema de hoje é empolgante! Como entrada, vamos refletir sobre uma passagem da
história de Dom Quixote. Talvez você se lembre de como ele atacou moinhos
imaginando que fossem inimigos gigantes… Engraçado no livro e exatamente
idêntico ao que a maioria das pessoas faz na vida real: lutam contra moinhos e
inimigos imaginários. Sim! Estou falando das suas preocupações, dos seus medos…
Quer entender melhor isso? Pense nos momentos em que você esteve preocupado com
algo e pergunte-se quantas vezes a coisa “ruim” que originou a sua preocupação
de fato aconteceu... Na verdade, os medos e preocupações se apoderam do
pensamento e da vida das pessoas que ainda não se conhecem e, por consequência,
não se dominam. Autoconhecimento gera autodomínio que nos presenteia com a
liberdade.
“O
medo é esse pequeno quarto escuro onde a negatividade é revelada.” (Michael
Pritchard).
Do que
você tem medo? Ah! Antes de mais nada, quero te dizer que, se você tem algum,
você não está sozinho! Muitas das mais importantes personalidades da história revelaram
seus medos. Mahatma Gandhi sempre procurou uma forma de contornar seu
incontrolável nervosismo. Ao fazer sua primeira apresentação oral, escreveu o
discurso na tentativa de não se perder, porém, seu nervosismo era tão forte que
suas mãos tremiam e ele mal conseguia segurar as folhas e fazer a leitura. Esse
advogado tão tímido e inseguro tornou-se depois um dos maiores líderes da
história mundial. Ele aprendeu a ser maior que sua limitação.
Mas
então, que medo ou preocupação te aflige ou te bloqueia? São muitos os tipos. E
vamos terapeuticamente além. Com o tempo, medos e preocupações passam a ser
patológicos, ou seja, passam a afetar profundamente a pessoa a nível físico,
psicológico e social, o que passa a ser diagnosticado como fobia.
Medo,
preocupação, fobia. Conturbados e sofridos freios de mão da existência de tanta
gente! Vou contar um fato que me aconteceu recentemente em uma viagem que fiz ao
Rio de Janeiro. Almoçando num restaurante, um homem subitamente cai ao chão,
não tão longe de mim. Um médico que estava numa mesa próxima presta os
primeiros socorros, mas infelizmente não pode fazer nada. Infarto fulminante. A
comoção é total. Claro que não foi fácil assistir àquilo tudo. Entretanto, mais
profunda ainda foi a pergunta que me veio à mente em seguida: como morreu este
homem? Ele estava preparado para isso? Fez tudo o que queria e podia até aquele
momento? Venceu seus medos? E, consequentemente, que legado deixou com suas
superações e exemplos?
Obstáculos
imaginários ou não, temos o livre arbítrio e, portanto, podemos vencê-los,
sejam eles quais forem! Acredite! Ou então podemos pedir ajuda. Estamos vivos!
Mas precisamos entender que não somos donos do momento seguinte das nossas
vidas... O que você está esperando?
Caro
leitor, entenda que o medo é um aviso para você estar melhor preparado para
enfrentar algumas situações da vida e então tomar atitudes construtivas. Qualquer
coisa além disso é que se torna escravidão, transtorno e bloqueio. O problema,
então, não é o medo em si, mas como você reage a ele e o administra.
Sei
que não é fácil vencer certos medos; preferimos evitar o “ridículo”, ou parecer
bobo, nos machucar, “perder” (o que?), enfrentar rejeições, falhar... mas peço
então que - de início – você duvide da sua incapacidade de vencer qualquer
obstáculo. Não permita que o medo, as preocupações ou a insegurança roubem a
diversão, o sonho, seu sucesso pessoal ou profissional, sua evolução, seus
desejos, a sua vida.
Na
verdade fomos treinados a viver com medo desde a nossa infância, por causa de
experiências traumáticas ou de mensagens negativas que recebemos. Ter medo não
deve ser uma escolha nossa e somente nós podemos enfrentá-lo e eliminá-lo de
nossa vida.
Ou será
que você ainda acredita no bicho papão?
(artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, dia 7/1/17)
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