A estrutura emocional de Jesus

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?” (Marcos 6:3).

Numa sociedade onde está cada vez mais fácil adquirir doenças emocionais, a forma como Jesus agia surpreende até mesmo os maiores especialistas no assunto.

Nos estudos sobre Jesus Cristo ao longo do tempo, prevalecem os aspectos teológicos, entretanto, neste artigo, vamos navegar por outra rota e entender um outro lado – também espetacular – de um homem tão complexo, abrangente, intrigante, inteligente e equilibrado como Jesus.

Importante ressaltar que registros históricos e devidamente comprovados deixam claro que Ele causava perplexidade nas pessoas mais influentes e cultas de sua época. Entretanto, ainda hoje essa perplexidade assombra qualquer pessoa que busque estudar Jesus com seriedade, profundidade e sem preconceitos.

Um carpinteiro, para o qual as estatísticas apontam existir atualmente mais de dois bilhões de pessoas que afirmam segui-lo. Mas quem foi Jesus? Ainda hoje as pessoas ficam confusas. Um dia, Ele mesmo pergunta aos seus discípulos o que pensavam Dele. Pedro se adianta: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, porque não foi carne e sangue que te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 16:16,17). Note que Jesus se preocupava e tomava a iniciativa em saber o que pensavam dele. Ele não tinha medo desse tipo de descoberta...

Pasteur, importante médico e cientista francês, que deixou um extraordinário legado à humanidade, disse o seguinte sobre Jesus: “Em nome da ciência eu proclamo a Jesus Cristo como Filho de Deus. Meu senso científico, que valoriza muito a relação entre causa e efeito, compromete-me a aceitá-lo como fato. Minha necessidade de adorar encontra nele a mais plena satisfação.”

Um carpinteiro... martelo, pregos... Nos seus últimos momentos de vida, esses foram seus piores “algozes”. Coincidência? Não. Na verdade, um teste poderoso de preparação e controle da ansiedade. Observe que Jesus, sabendo que iria morrer pregado numa cruz, desde a infância já lidava com os instrumentos que ajudariam a matá-lo, mas nada disso o afetou no decorrer de sua vida emocional! Você agiria desta forma?

Se você se espantou com isso, vamos então ao momento em que Pedro (seu discípulo), nega por três vezes conhecer Jesus, exatamente quando Ele estava cheio de feridas, de dores físicas, psíquicas e cada vez mais próximo da morte. Note que, quando sofremos um trauma físico ou psíquico, mesmo de pequena proporção, já temos reações variadas e até sem pensar num primeiro momento - que o diga nosso instinto... Entretanto, e apesar da situação caótica em que se encontrava, com o agravante de estar sendo traído por um de seus discípulos amados, apunhalado física e emocionalmente, Jesus mostra seu autodomínio e seu equilíbrio emocional e fala no silêncio do olhar com Pedro, que percebe aí a grandeza de Seu Mestre e chora amargamente, na sequencia. O silêncio de Jesus crava em nós a profundidade da eficácia do amor e do exemplo. Pedro então muda e passa a entender que precisamos nos amar e nos respeitar, independente das diferenças e entendendo fragilidades.

Quantos de nós, por muito menos do que Jesus passou, já avançamos o sinal do destempero emocional e até chegamos ao ponto de “condenar” pessoas baseados em “nosso” ponto de vista - que pode até estar certo para nós, mas pode não ser o ponto de vista do outro, o que é perfeitamente normal num Universo heterogêneo como o nosso. Existe quem realmente está certo e quem realmente está errado? E como estamos navegando nesse Universo?

Enquanto os conflitos, doenças e transtornos emocionais, além dos mais diversos problemas de relacionamento crescem assustadoramente no mundo todo – juntamente com consequências (também) cada vez mais graves - Jesus traça o caminho inversamente proporcional às causas desse cenário e leva o ser humano ao encontro de um nível sem precedentes de qualidade de vida emocional, física e social.

Jesus transbordava autoconhecimento e autodomínio e queria proporcionar isso às pessoas, fazendo com que elas refletissem e, consequentemente, ultrapassassem suas próprias fronteiras limitantes.

A boa notícia é que esse mesmo Jesus continua falando, agindo e neste domingo ele Ressuscita. Essa é a Páscoa verdadeira. Essa é a Passagem que liberta. Que tal você aproveitar essa oportunidade e ressuscitar com Ele?




(Artigo também publicado no Jornal de Piracicaba do dia 15 de abril de 2017, em coluna semanal do autor).

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