Depois de uma
participação impecável na Copa das Confederações em 2013, nossa seleção de
futebol respirava o ar da vitória. Tudo estava perfeito e, durante a copa, nos
classificamos para as semifinais. O clima era do “já ganhou”, explicitamente. Nada
podia nos deter. Nada? Bom, o capítulo seguinte todos nós conhecemos bem...
vexame, decepção, frustração. Goleada de 7 a 1 para a Alemanha, em pleno
Mineirão.
Que lição! E temos
muitas outras, sendo que a maioria traz sérias sequelas. Na vida, somos
bombardeados por glórias e fracassos. O diferencial está no alicerce que dá
sustentação a eles. Vitórias e talentos são conquistas, mas, antes de tudo, são
presentes que recebemos. Desconhecer ou desvalorizar essa verdade, ilude e
frustra, mais cedo ou mais tarde.
O bem sucedido
“está” e não “é” bem sucedido. Você (e mais ninguém) é que deve estar “antes” do
seu sucesso. Seu casamento está indo bem? Ótimo, mas reflita sobre onde esse
relacionamento está baseado. Se o amor verdadeiro não for a origem e a razão,
certamente você terá problemas num dado momento. Infelizmente, a maioria dos
relacionamentos estão soterrados em “necessidades” ou “conveniências”, que de
longe tem a ver com amor verdadeiro. Até certo ponto subsistem e até parecem
indestrutíveis, mas isso não dura muito e o “verdadeiro eu” vai trazendo as “verdadeiras
necessidades”, neutralizando a ilusão inicial e gerando os conflitos que levam
a separação - ou a situações ainda piores.
Ter um bom emprego,
remuneração, uma próspera empresa, um casamento sensacional, uma linda família,
formação acadêmica, riqueza, saúde, amigos, etc., é realmente muito
gratificante e prazeroso – e deve ser vivido, curtido, mas, se não viermos “antes”
disso tudo, ou seja, se não dominarmos esses cenários, estaremos dependentes
deles. E essa é a palavra chave do artigo de hoje: dependência.
O orgulho e a zona
de conforto aparecem quando não dominamos o que temos, ou seja, somos dominados,
ou... dependentes. Pessoas nesta situação, por exemplo, precisam do aplauso, do
reconhecimento, da glória, da atenção, pois não percebem que estão passando por
um processo de autossabotagem, que esconde delas mesmas suas qualidades ou
necessidades reais, pela falta de autoconhecimento. É aí que ocorre a
“transferência” – gerenciada pela autoconfiança - chegando a picos altíssimos e,
então, descarregando orgulho e autossuficiência por onde passa...
Se
considerarmos nossa condição (humanos) e nosso tamanho diante da imensidão
(física e espiritual) do Universo que nos acolhe, é imaturo demais alguém achar
que é mais ou menos que outra pessoa, pelo motivo que seja! Cada um tem sua
história, sua estrutura. Portanto, não podemos ser dependentes do “sucesso”, da
vitória ou dos prazeres. Precisamos, sim, repartir nosso sucesso para o bem
comum, para nosso amadurecimento e evolução, com a mais digna humildade de ser
o que se é (independente do grau).
“Tudo de bom que recebemos e tudo o que é
perfeito vem do céu, vem de Deus, o Criador das luzes do céu. Ele não muda, nem
varia de posição, o que causaria a escuridão”. (Tiago 1:17).
A maioria,
infelizmente, só confia em si próprio ou em planos humanos e só se dá conta
deste “erro estratégico” quando perde alguém que “amava” (ou era dependente?),
quando perde a saúde (ela é emprestada a você...), alguma grande conquista, bem
ou status (qual tem sido nosso lugar diante dessas coisas?). A frase “só dar
valor quando se perde” não é real nesse contexto, pois na verdade não temos
nada. E se não temos, não perdemos. O apego e a dependência é que utopicamente
criam essa “falsa posse”.
Dependência
gera apego e apego gera escravidão. O que realmente é importante? Acumular? Não
perdoar? Ter ou ser? Viver ou existir? Considerando que, além de tudo, há um
legado a deixar, seus desejos e pensamentos estão alinhados em viver
adequadamente aqui e ao mesmo tempo deixar exemplos de uma vida digna a quem
ficar?
Sucesso, felicidade
e bem-estar estão ligados a valores consistentes na sua vida? Que estrutura
você teria se perdesse hoje algo que gosta muito? Quem e o que tem “valor” para
você conseguirá também ter a força necessária para sustentar os anseios do seu
verdadeiro eu quando ele aparecer? Você se conhece mesmo?
Comentários
Postar um comentário