Desde
o momento que nascemos, nosso inconsciente registra todas as informações que
recebemos (direta ou indiretamente) vindas de nossos pais, familiares, amigos,
escola, sociedade, cultura, mídias, etc., e no decorrer da vida vamos
construindo crenças e valores, aprendidos principalmente com os exemplos de nossos
pais. Portanto, cada pessoa forma sua estrutura e história psíquica. Diferente
dos animais que seguem instintos, nós, seres humanos, construímos, mudamos,
inventamos. E isso envolve escolhas. E escolher é identificar a alternativa de
melhor valor. Valor? Bem, aí está outro ponto crucial que nos remete ao início
deste artigo. Sendo influenciados ou não, devemos ser os gestores do nosso
destino, os únicos responsáveis por ele, pelo simples fato de recebermos um
grande presente: o livre arbítrio. Quer uma prova? Quantos casos de filhos
nascidos e criados numa mesma família que tiveram destinos bem diferentes um do
outro, em vários e diferentes aspectos!
Pois bem, o
mundo é um grande palco e nós somos os atores. A diferença, portanto, é que
temos a liberdade de escolher nosso papel. Problemas sempre vão aparecer no
caminho, independente de classe social, raça ou lugar. E não tente fugir deles
ou achar que está imune. Mas um problema tem sempre dois lados. Podemos
escolher em que lado caminhar. O que você tem a fazer (e pode fazer) é
construir uma base sólida que vai te ajudar a enfrentá-los de maneira
inteligente e sem sofrimento. Muita gente não está feliz com a vida que leva ou
está enfrentando problemas emocionais, em diversos graus. Muitos estão doentes.
Logicamente tudo tem uma explicação, uma causa na história da própria pessoa. “O
que João consegue enfrentar, Paulo talvez não consiga”. “Por que Maria e Joana
tem o mesmo problema e reagem de formas diferentes?” Veja como a heterogeneidade
é algo real, importante e paradoxalmente essencial à nossa existência. O grande
“trunfo” dos realizados é o equilíbrio. E quanto mais a pessoa consegue descobrir
e romper com o que a influenciou “negativamente” em sua história, mais sucesso
terá. O que você é hoje é fruto do que você recebeu e transformou até hoje.
Por isso digo
sempre: não existe terapia perfeita. Não existe a receita pronta. Isso é
ilusão. A própria heterogeneidade não permite isso. Existe a terapia adequada a
cada história, a cada necessidade. Quantas pessoas hoje torcem para a semana
acabar, para o dia acabar, para o semestre acabar. Cansaço é uma coisa,
infelicidade é outra. Quando alguém torce para algo acabar, automaticamente
está torcendo também para a vida acabar. Como diz o filósofo Clóvis de Barros Filho:
“você sabe que encontrou a felicidade quando vive um momento que não quer que
acabe”.
Muitos
procuram a felicidade, mas estão distantes de si mesmos. Enquanto não se
encontrarem, não irão encontrá-la... Muito do que não está bem no mundo atual é
reflexo desse desencontro. Estamos vivendo, por exemplo, mais um momento
delicado no país e muitos me perguntam por que existe tanta corrupção. Caro
leitor, reveja o início deste artigo, uma vez que ele também responde essa
pergunta. Temos sérios problemas de formação. Corrupção e outras “feridas” da
sociedade são construídas com o tempo. Não nascem prontas. Temos pessoas muito
bem formadas academicamente. Temos mestres em vários assuntos. Entretanto,
somos primários no gerenciamento emocional, na formação dos valores, da moral e
da ética. Há em toda nossa história uma discrepância enorme entre escolarização
e educação. Há um problema sério quanto à valorização da família. Não há um
período na história brasileira em que não se encontrem denúncias e não podemos
apenas condenar nossos colonizadores. Esse é um problema nosso. Somos,
inclusive, muito tolerantes à corrupção e à desonestidade, que estão enraizadas
nas mais diversas fases, desde a desonestidade “pequena” e “caseira” até a dos
bilhões no colarinho branco... Mas todas vindas da mesma origem: desonestidade.
“O que faz o
ladrão, portanto, não é a ocasião. O que faz o ladrão é o indivíduo, que pode
ser ladrão ou não, aproveitar a ocasião. Em outras palavras, a ocasião faz o
ladrão só quando há uma decisão por ser ladrão; não é a ocasião, mas o possível
ladrão que decide. Portanto, a decisão continua a ser determinada pelo indivíduo
e não pela circunstância”. (Mario Sergio Cortella).
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