A cultura do sofrimento

“Não perceba  o seu salário como uma indenização pelas horas de infelicidade que passa na sua empresa. O salário tem que ser a retribuição efetiva e justa pela contribuição que você traz para a Empresa.” Essa é uma das frases de Peter Drucker (Escritor, Professor e Consultor Administrativo, considerado o pai da administração moderna).

Você conhece alguém que reclama muito da vida? Tem contato com pessoas que já se tornaram desagradáveis por serem tão pessimistas, negativas ou desanimadas? O muro das lamentações ganha cada vez mais espaço para uma boa parte da humanidade... Parece até que algumas pessoas tem prazer em ter problema e, sem perceber, criam uma espécie de “disputa” quando desabafam, pois o outro lado, ao invés de tentar ajudar ou falar coisas positivas, despeja também a lista das suas próprias dificuldades...

Já estão virando clichês aquelas frases que dizem: “Depende de como você enxerga o problema”, ou: “O copo pode estar meio cheio ou meio vazio”. Devo informar que esses e outros pensamentos só não produzem benefícios para aqueles que não praticam a reflexão e o aprofundamento provenientes da “dúvida e da crítica”, ferramenta imprescindível que traz resultados poderosos (e efetivos) na busca de um melhor equilíbrio psíquico.

Se você não faz o que ama (em qualquer âmbito da sua vida), o desastre é certo – a curto, médio ou longo prazo. Muitos especialistas defendem essa ideia, que não é errada. Mas, como eu sempre digo, vivemos num universo heterogêneo, e, por consequência, não é difícil chegar à conclusão de que o que serve para determinada pessoa, pode não servir para outra. Portanto, caro leitor, não se espante, pois especialistas podem levar pessoas ao sucesso ou ao fracasso! Isso é um tema bem complexo... Tenha ponderação com frases, pensamentos – “de quem quer que seja”. De novo reafirmo a importância da ferramenta “duvidar e criticar” e, neste caso específico, entenda essa preciosa verdade: é possível você aprender a amar algo. Pelo simples fato de que não somos estáticos. A vida é dinâmica e, se você cria um código construtivo de conduta, vai receber condições para viver cada vez melhor com você mesmo e com o Universo.

Duvide, critique... Você pode aprender a amar o que faz e não só fazer o que ama. São muitos os exemplos que comprovam isso. Se você recebe a proposta de um desafio que está abaixo de suas expectativas, seja sábio, aceite, pois na sequencia serão enormes as chances de aparecerem oportunidades que vão te conduzir aonde você quer ir. Pense além do momento...

 “Não sei mais o que fazer com meu filho”. Quantos pais preferem reclamar dos filhos, mas não refletem se a causa não está neles mesmos e na história que construíram até aqui com os filhos... Quantos filhos chegam aos extremos da falta de disciplina, respeito e educação em sala de aula e os pais preferem reclamar e condenar escolas, professores, mas não conseguem entender a diferença entre educação e escolarização, e, o pior, não conseguem entender também que o que ocorre pode ser consequência da falta de limites, de afeto, de exemplo e de responsabilidade, deles mesmos, os pais.

“Tenho visto as pessoas tornarem-se frequentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se tem condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes, sua neurose costuma desaparecer”. (Jung).

Sim, existem os que preferem se entregar ao muro das lamentações, da “terceirização das responsabilidades e da felicidade”, tentando neutralizar o dinamismo da vida. Entretanto, precisamos entender esse processo, aceitar e perdoar – aos outros e a nós mesmos - pois cada um tem sua história e crenças limitantes que foram absorvidas ao longo do tempo e, infelizmente, não foram rompidas. A boa notícia é que tudo isso pode ser revertido. Basta vontade e atitude.



(também publicado no Jornal de Piracicaba, dia 17 de junho de 2017, em coluna semanal do autor).


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