As leis de trânsito e sua casa

Somos bombardeados, diariamente, por tristes notícias envolvendo acidentes de trânsito no Brasil e no mundo. E o bombardeio se estende a várias vertentes, negativamente similares. Aliás, notícias tristes e até difíceis de aceitar (pelas causas que ocorrem) estão virando “rotina”, infelizmente.

Quantos pais enterrando seus filhos prematuramente por conta de motoristas assassinos, que não respeitaram regras. Quantos pais prejudicando e até matando seus filhos por negligência. Quantas pessoas perdendo familiares por bandidos do trânsito... Segundo a OMS, o Brasil é o quarto país com mais mortes de trânsito na América. A principal causa é a imprudência dos motoristas. Regras não respeitadas...

Uma das maiores reclamações de pais e mães hoje em dia é com relação ao comportamento dos filhos. “Não sei mais o que faço com minha filha”; “Meus filhos não querem estudar”; “Meus filhos só querem saber de internet e nada de compromissos ou responsabilidades”; e aí por diante... Principalmente na adolescência, os pais enfrentam muitos problemas com filhos, em função das particularidades dessa fase, que, em muitos casos, carece também de acompanhamento e ajuda profissional, pois é preciso avaliar caso a caso. E o mundo atual, repleto de informação e velocidade, colabora com o agravamento da situação e, então, está criada a fórmula negativamente “mágica”, que gera desgastes cada vez maiores para pais, familiares, responsáveis e escolas.

Entretanto, é preciso saber “olhar com outros olhos” para este tema e entender o que efetivamente está acontecendo, através das causas!

Caro leitor, a família é a fonte mais poderosa de valores, princípios e normas de conduta para a vida de qualquer ser humano. Entretanto, diariamente, vemos cenários que geram uma visão distorcida de disciplina, responsabilidade, comprometimento e respeito. Quantos pais reclamam do desempenho escolar dos filhos apenas quando recebem o “boletim escolar”. O boletim é o fim de um ciclo. Onde estavam estes mesmos pais no início e no meio deste mesmo ciclo? “Mandar” o filho estudar não é o mesmo que “acompanhar” o filho nos estudos. Claro que, respeitando a proporcionalidade da idade e outros fatores, os filhos precisam ir criando responsabilidades, não só academicamente, mas em todos os sentidos. Contudo, pais precisam respeitar também a própria responsabilidade e atuar na vida dos filhos, cobrando sim, mas também auxiliando em suas necessidades, afinal, eles precisam de ajuda, não são adultos ainda.

Lembrando que a vida dos filhos pertence a eles, os pilotos, enquanto nós, pais, somos copilotos e quando nos tornamos autoritários demais ou negligentes, nossos filhos poderão nos retirar do avião, ou seja, de suas vidas... E, no caso deles, vale a premissa de que autonomia é diretamente proporcional à responsabilidade. Mas vamos além... 

Orientação. Regras. Consequências. Três palavras mágicas na preparação dos filhos para a vida e básicas para a felicidade e a harmonia na família.

As leis servem para regular a vida em sociedade. As leis de trânsito são um exemplo e um de seus focos é a educação no trânsito, ou seja, estabelecer regras e conscientizar antes; punir depois, onde houver necessidade. Para ter a carteira de motorista, passamos por vários testes. Aprendemos. Depois, no trânsito, somos alertados por placas, sinalizações, avisos, informações em mídias, etc., e, se depois de tudo isso, praticarmos alguma infração, somos punidos, proporcionalmente ao grau da infração cometida. Não é assim? Pois bem, por mais que pareça estranha ou simples (mas será que não falta exatamente isso para solucionarmos tantos problemas deste mundo?), esta é a analogia perfeita para nossos lares e para a educação dos filhos. Orientação, estabelecimento de regras e aplicação das devidas consequências, caso haja alguma “infração”.

Simples, prático e objetivo, mas reflita onde você está: aplicando esta fórmula com eficiência e constância ou reclamando do seu filho? E uma reflexão complementar: será que os “bandidos” do trânsito hoje viveram em lares que aplicavam esta fórmula?






(artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, dia 01 de junho de 2017, em coluna semanal do autor)

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