O que te pertence?

“Aquilo a que você resiste, persiste”. Frase bem peculiar à inteligência de Jung. Muita gente está sofrendo por não ter a consciência dessa regra de vida. Consciência que, aliás, deve estar sempre acompanhada de comportamento, mesmo porque eles não funcionam separadamente.

Quando você entende o limite entre o que realmente é seu e o que já não mais te pertence, sua vida simplesmente se transforma e não há mais culpa, remorso, frustração e tantos outros sentimentos ruins, além de distúrbios mentais.

A chave para esta transformação é simples: faça a sua parte, mas bem feita, completa, respeitando o que está dentro de sua estrutura e potencial e não se preocupe com mais nada. Você fez o que precisava e podia ser feito. Se quiser fazer mais ou melhor, tudo bem, desde que você entenda que precisa se preparar, evoluir para atingir estágios superiores, respeitando que cada um está no seu próprio tempo. Sofrimento e autopunição, em sua grande maioria, refletem falta de autoconhecimento e a consequente falta de compreensão destes limites e desta regra.

Mas o contrário também acontece! Muitos não fazem o que está sob sua responsabilidade e, por medida de “autoproteção”, terceirizam a culpa, e, dessa forma, ficam mais “tranquilos”, entretanto, desconhecem que as consequências virão no tempo certo. Temos inúmeros exemplos disso na atualidade. Pais que driblam suas responsabilidades e exigem a maturidade “antecipada” de seus filhos, ao invés de estar junto com eles e ajudá-los neste processo; pais que não impõem limites e “obedecem” os filhos; pais “discutindo” com as Escolas, deixando claro que a “culpa” não é deles (e nem dos filhos), afinal, oferecem tudo de bom a eles e “onde já se viu seus filhos se comportarem mal ou não irem bem nos estudos...” Estamos assistindo a perigosos processos de “terceirização” de responsabilidades, que caminham a passos largos, onde os únicos prejudicados são eles, os filhos. E os exemplos se arrastam, não só no campo familiar ou educacional.

Note, caro leitor, que se você não expande sua mente, não se atualiza e não desliga o piloto automático, suas dificuldades no gerenciamento da emoção vão entrando num círculo vicioso doentio, agindo de forma prejudicial e em cadeia, como uma bola de neve em expansão.

Querer controlar o incontrolável é próprio de pessoas que não se conhecem. O que você pode e deve controlar é você e o que te pertence! Mais exemplos? Ofensas que você recebe ou “lixos” vindos de pessoas que te elegem para “alvo” fazem parte também desse setor chamado incontrolável (por você). Isto não te pertence! Ter a consciência e o comportamento sobre esta regra não deixa você se desesperar com acontecimentos (dos mais variados tipos) que te frustram, te trazem ansiedade, te decepcionam ou de alguma forma sabotam a felicidade. É preciso gerenciar a diferença entre o controlável e o incontrolável, navegando com o controle da viagem e do destino. É preciso saber o que está ao seu alcance e... fazer! É preciso saber o que não está mais ao seu alcance e... não fazer! Sem culpa! Tentar entrar no setor “incontrolável” nos faz sofrer e nos adoece. Autoconhecimento traz equilíbrio e maturidade emocional, nos tornando superiores às adversidades e, por isso, nos poupando do sofrimento e dos desajustes psíquicos que assolam o mundo de hoje. 

(artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, edição de 5/5/18, em coluna do autor)

imagem da internet

Comentários