O lado pessoal...

“Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia”. (Mahatma Gandhi)

Além de atual e recorrente, muitos leitores vem me pedindo para escrever sobre este tema. Então, vamos lá!

A cultura nos EUA tem uma particularidade que admiro. Numa reunião entre executivos, mesmo que os assuntos tratados sejam polêmicos, tensos ou com posições firmes, ao final da reunião tudo volta ao “normal” e eles vão almoçar ou jantar, juntos e tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Que lição podemos aprender com isso! Na verdade, o segredo é que eles entendem que pessoas, posições e problemas são coisas totalmente distintas.

Afirmo com convicção e experiência que a maioria absoluta dos conflitos se dá pela falta do autogerenciamento emocional. Claro, existe o fator cultural, crenças, descendência, entretanto, um dos grandes benefícios do autogerenciamento é medir até que ponto nossas atitudes estão sintonizadas com nossos objetivos e, portanto, com nossa felicidade, independente (também) de nossa origem.

Quantas vezes evitamos comentar ou opinar sobre algum assunto com receio das “consequências”... Quantas vezes somos tratados de forma “diferente” ou até “vingativa” por nos posicionarmos sobre este ou aquele assunto. Que retrocesso improdutivo e desnecessário.

No mundo corporativo, muitas empresas já atuam com o feedback 360 graus, que dá aos colaboradores a oportunidade de avaliarem seus superiores. Isto porque, em nossa sociedade, avaliar um superior ainda não é algo tão natural e simples assim. Por quê? O título deste artigo responde...

No mundo pessoal as coisas não são diferentes e faremos uma análise baseada em dois cenários. Portanto, precisamos ir além e você, como já é de costume, irá comigo nesta viagem de reflexão, que gera resultados e evolução.

De um lado, podemos ser “contaminados” em função da atitude de terceiros. De outro lado, podemos ser “neutralizados” em função do que os terceiros irão pensar ou como irão reagir. O fato é que, em qualquer um deles, ficamos com os prejuízos. Explico!

No primeiro cenário, se alguém nos rejeita ou nos trata mal, não significa que nós somos os responsáveis por isso! A maioria esmagadora das pessoas hoje não tem essa percepção, ou até tem, mas não a utilizam. Você já se deparou com alguém que acha que o mundo todo está contra ele? Cada ser humano tem sua história, seu mapa mental e o nosso não precisa ser igual ao dos outros! Outro ponto importante a ser considerado é que nós somos muito mais que um momento, porém, muitas vezes as pessoas fecham análises (globais) baseadas em erros momentâneos e todos podem cometer erros ocasionais. Claro que erros trazem consequências e, independente de qualquer coisa, todos devem estar sempre cientes disso.

No segundo cenário, podemos ficar incomodados por não termos atendido as expectativas dos outros ou então deixamos de nos posicionar, falar ou agir por entendermos que a reação dos outros não será “da forma que gostaríamos que fosse”. Querido leitor, esse não deve ser nosso foco! Seja você, antes de tudo. Adaptar-se aos outros é deixar-se, deixando de se amar. Se você não agrada, não “compre” esse problema. Ele não é seu. Se alguém não nos aceita como somos, fazemos ou pensamos, essa relação definitivamente não é bem-vinda à nossa saúde emocional.

Quantas oportunidades de melhoria e crescimento são desperdiçadas nas empresas, entre amigos, em família, por medo, receio, dúvida, insegurança... Quantas pessoas sofrendo, se anulando, perdendo grandes oportunidades, a paz ou mesmo a compostura por não saberem entender ou respeitar a diversidade, a heterogeneidade. Quantos assumindo “lixos” que não são seus, criando ou alimentando transtornos psíquicos por causa deles.

Uma das frases que guardo para a vida é do meu tio Orlando Berto, aliás, um exemplo para todos de homem íntegro e bem sucedido - pessoal e profissionalmente. Ele diz: “às vezes é preciso saber engolir um sapo”, entendendo que isso não é sinal de retrocesso, mas sim de sabedoria. Damos, estrategicamente, um passo para trás (autocontrole) para abrirmos o caminho e, então, avançarmos de maneira bem mais estruturada e eficaz.

Mas, então, o que você pensa está em harmonia com o que você fala e faz?




(artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, edição do dia 15 de julho de 2017, em coluna semanal do autor)


Comentários