Existe
explicação para o fato de algumas pessoas gostarem tanto de fofocar? Sim,
existe! E vamos abordar isso no artigo de hoje, sob três ângulos diferentes.
Não tenha
dúvida, existem várias carências no campo inconsciente que “justificam” o uso
da fofoca. Portanto, isso não está sob a guarda do consciente.
Lembro, meu
caro leitor, que o tema de hoje trata da forma de comunicação mais antiga do
mundo; fenômeno social que certamente já teve, está tendo ou terá interferência
na sua e na minha vida. Me diga: você nunca foi vítima de um “fofoqueiro” de
plantão? Não? Talvez você já tenha sido, então, o próprio “fofoqueiro”! Enfim,
sem exceções, a fofoca faz parte da vida das pessoas - direta ou indiretamente.
Estamos sempre
observando como o outro se comporta, talvez para aprender, talvez para fazer
igual. Agora, se o comportamento do outro “fere” os padrões normais, aí é que a
fofoca se instala poderosamente.
Fofocas nascem
de amor ou de ódio. Uma pessoa bonita causa admiração para alguns e inveja para
outros e aí está a raiz da nossa reflexão de hoje.
Uma fofoca
pode ter a conotação (inconsciente) de agredir uma pessoa e esta conotação vem
de uma fonte terrível: a inveja. Reparem: quanto maior a inveja, maior a força
do ataque à pessoa invejada, e vou além: na maioria absoluta das vezes, o foco
não é conseguir o que aquela pessoa tem, mas destruir.
Por trás de
uma fofoca, pode estar também enraizado um sentimento de ciúme, causado pela
necessidade da pessoa ter um amor que ela acha merecer ou que pode ter sido
tirado dela, por algum motivo ou algum rival.
Entretanto, a
fofoca pode ser motivada não apenas pela necessidade de atacar ou ferir alguém
por inveja, ciúme ou outros sentimentos ruins. Quem faz a fofoca pode estar
sendo levado pelo prazer de projetar em si algo que o outro viva ou tenha. Isso
explica o fascínio das pessoas pela vida de artistas ou de pessoas famosas e
também explica – por consequência - o
grande sucesso dos programas de televisão, de revistas ou de outras mídias que trabalham
com o tema “fofoca”, e, então, se alimentam e se reproduzem dessa “necessidade
inconsciente” das pessoas. Dessa forma, quem lê essas revistas ou assiste os
programas, “vive” de forma ilusória o que aqueles famosos estão vivendo, numa
espécie de tentativa de transferência, pois sabem que seria bem difícil experimentarem
aquilo de forma real.
E, finalmente,
atrás de uma fofoca, pode estar também aquela vontade gerada pela necessidade
de comentar alguma coisa de outra pessoa, o que, na verdade, é um problema ou
uma dificuldade da própria pessoa que está fofocando. O que ela faz, na
verdade, é comentar de si mesma “usando” a outra pessoa e isto ocorre porque
fica mais fácil falar do outro do que de si mesmo.
Independente de
onde “encaixamos” a fofoca, é fundamental ressaltar que não estamos tratando de
algo saudável ou positivo para corpo e mente, bem como vale lembrar de uma famosa
frase de Freud sobre o tema de hoje, que deixo como reflexão: "Quando
Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo".
(Também publicado no Jornal de Piracicaba, edição do dia 28/10/17)
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