Caracteriza-se
compulsão sexual por fantasias e comportamentos sexuais, como uso excessivo de
algum tipo de pornografia, masturbação em excesso e vários parceiros sexuais de
forma ocasional, fatos que gradativamente vão tendo um aumento na frequência e
prejudicando a rotina, as atividades profissionais, pessoais e as relações
interpessoais.
Trata-se
de um assunto polêmico, mas que precisa ser melhor entendido e esta é a causa
da existência de muitos compulsivos que demoram a procurar ajuda, causando
verdadeiros estragos na vida pessoal, afetiva, emocional e profissional.
Infelizmente,
a sociedade atual colabora para que o problema se agrave: filmes que lotam
bilheterias, livros que se tornam best-sellers, sites, programas e muitas
outras mídias (que impressionantemente não recebem censura e aparecem a
qualquer hora do dia e da noite) invadem a mente das pessoas tentando “maquiar
o monstro”. Não se iluda, ao que eles tentam dar glamour, o que existe (de
fato) não é nada mais nada menos do que uma séria doença, que precisa de
tratamento.
Compulsões
também podem ter origem em situações reprimidas no inconsciente por terem sido
consideradas nocivas a vida emocional ou física da pessoa, lembrando que
compulsão não é só por sexo, apesar de ter origens parecidas e muitas vezes
ligadas à ansiedade e que, diante desse cenário, é improdutivo “proibir” a
pessoa de agir como está agindo ou fazer terrorismo verbal/emocional. Isso
apenas vai fomentar a ansiedade ou canalizar esta energia para algum outro comportamento
compulsivo, agravando o quadro.
Quando
uma pessoa é exposta de forma prematura a uma situação em que o sexo figure
como algo misterioso, sem explicação, repressor ou invasor, pode desenvolver
problemas emocionais, inclusive transtornos, fobias, síndromes, depressão ou
compulsões. Exemplos relacionados a isso: estupro, pedofilia, desajustes, violência,
repressões familiares e tantas outras situações a que muitos seres humanos são
expostos, consciente ou inconscientemente. O agravante é que, ocorrendo isso em
fases prematuras, sem um conhecimento ou um amadurecimento necessário, o
inconsciente não consegue “significar” os fatos e os entende como erro, culpa, problema
ou desvio, enfim, sentimentos confusos e destruidores são anexados a história
da pessoa, acompanhando-a no decorrer da vida e produzindo problemas no formato
de bolas de neve...
Existem
tratamentos para a compulsão por sexo e a melhor maneira de resolvê-la é descobrindo
e ressignificando as causas emocionais que motivam este comportamento, cuidando
paralelamente da ansiedade, dos traumas e de outros transtornos.
Compulsivos
demoram para entender que o são e dificilmente se livram disso sozinhos.
Precisam de ajuda profissional. Na verdade, os problemas emocionais sabotam as
pessoas - além do sofrimento que causam - tirando delas o verdadeiro sabor da
vida. Acordar, desligar o piloto automático e tomar as rédeas da própria vida,
com qualidade e conteúdo, é o objetivo central.
Portanto,
ao buscar ajuda, você também precisa entender que a terapia deve agir com base
na história detalhada e particular de cada indivíduo, sem receitas prontas e
nunca sem dois fundamentais ingredientes: amor e competência.
(Artigo também publicado no Jornal de Piracicaba, edição do dia 27/04/19 em coluna do autor)
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